quarta-feira, março 18, 2009

Pequena-grande mulher!

É minha mãe, sabe? Um metro e meio de altura e um coração gigantesco. Sou a filha mais nova, como muitos sabem. Sou também a que mais liga, a que mais a visita (a ela e a meu pai) e a última a ter saído de casa. Talvez por esses motivos eu tenha digamos, um tratamento especial. E isso não acontece só quando vou lá sozinha, na frente dos meus irmãos ela também deixa escapar alguns excessos comigo. Eles brincam, ficam me 'zoando' ou demonstrando ciúmes, mas encaram numa boa.
Mas como eu ia dizendo, minha mãe é uma grande mulher.
Quando ficou grávida de mim já tinha 40 anos e ficou com um pouco de vergonha de ter um filho 'nessa idade'. Ela quase perdeu a vida para eu nascer, foi um procedimento de alto risco, que nem se usa mais atualmente: nasci de fórceps. Ela enfrentou tudo com muita coragem e apesar das dificuldades financeiras, me deu o que tinha de mais valioso: uma boa educação, princípios e valores, coisas que por mais que sejamos pobres, ninguém tira da gente. Me deu oportunidade para poder estudar, junto com meu pai bancou (financeira e emocionalmente) minha vinda para Floripa e sempre me apoiou nas minhas decisões, acreditando na educação que me deu.
Em um dos dias mais emocionantes das nossas vidas, a minha formatura da faculdade, ela estava lá, na primeira fila, chorando junto comigo, me olhando com orgulho e comemorando comigo essa vitória. Falando em educação, lembro da história educacional da minha mãe, que sempre que ela conta sinto um nó na garganta. Ela era uma ótima aluna, morava e trabalhava na roça e queria ser professora. Quando ela tinha 10 anos, a professora da região onde ela morava simplesmente se negou a continuar dando aulas porque eram poucos alunos. Meu avô não autorizou que ela fosse estudar na cidade e ela teve que ficar ajudando ele e nunca mais pode estudar. Ela fala disso com lágrimas nos olhos e eu sinto dentro de mim toda a dor que vejo neles.

Por isso ela valoriza tanto quando vê um filho se formando em alguma coisa.

Bom, mas não é só isso.

Minha mãe me paparica muito! Eu sempre tive um quarto na casa deles, mesmo depois que eu vim embora. Recentemente meus pais conseguiram construir sua primeira casa de alvenaria e adivinha: eu continuo tendo um quarto lá! Dia desses ela me liga pra reclamar que eu ainda não tinha ligado naquela semana e me diz que vai comprar uma cama maior para eu ficar mais confortável quando for para lá, acredita?
Sem contar todas aquelas comidas que eu adoro e que ela faz quando eu vou lá. Todos as horas que ficamos na varanda, sentadas em nossas cadeiras (sim, eu tenho uma cadeira na varanda!) conversando sobre como está minha vida, sobre as peripécias que ela e meu pai aprontam durante a semana e sobre o passado, me contando histórias antigas, felizes ou tristes.

Apesar da sua hipocondria (acho que é só pra chamar nossa atenção...) ela é um amor. Carinhosa a seu modo, dedicada, presente, ótima costureira, mãezona, amável e sempre disposta a ajudar. Minha mãe é incrível!

Tenho muito orgulho de tudo que ela passou para nos educar e por ter criado sete filhos com decência, caráter, respeito entre si e valores tão nobres.

Amo essa pequena-grande mulher”

2 comentários:

Elem disse...

Nossa... ficou perfeito!
Tô orgulhosa dela e de vc tb!!!!!
Parabéns!!!

Beijão

Anônimo disse...

Muito lindo fiquei emocionada. bjocas