EJA: paixão profissional

Estava eu na minha cômoda posição de "professora tradicional".

Entrava na sala, fazia a chamada, encaminhava a aula e sentava, esperando que os alunos a desenvolvessem. Nem sempre era assim, mas normalmente era.

Eis que em 2008 me aparece a oportunidade de trabalhar na EJA, Educação de Jovens e Adultos da Prefeitura de Florianópolis.

Em um primeiro momento tomei um susto: como assim a gente não vai dar aula das disciplinas? Não tem nota? Eles desenvolvem projetos? Somos orientadores, mediadores? Eles são autônomos?

A EJA da Prefeitura de Florianópolis é um método inovador, sabe. O interesse parte do aluno. As escolhas partem do aluno e o professor se adapta e encaminha as aulas de acordo com o aluno, e não o contrário.

Fui conhecendo essa proposta e me apaixonando. Quando dei por mim, já estava envolvida até o pescoço.

2008 foi um ano incrível profissionalmente para mim: foi uma das melhores experiências (só empata com o CEFET) e a melhor equipe de trabalho com a qual convivi.

Em 2009 não estive na EJA, mas esse ano voltei. A Prefeitura se recusava a abrir núcleos de EJA pela cidade, alegando pouca procura, e eu junto com alguns companheiros fui atrás dos alunos, para provar que havia muita gente precisando completar o ensino fundamental.

Estive 2 dias na Barra do Sambaqui conversando com meus amados ex-alunos e mais 3 dias em Santo Antonio efetuando matrículas. Conseguimos 80 nomes. O núcleo abriu. Sem falsa modéstia ajudei a abrir um núcleo e fiquei muito orgulhosa.

Estou trabalhando nos Ingleses, um pouco longe de casa, mas não importa, estou fazendo o que eu gosto.

Enquanto eu puder, quero continuar trabalhando na EJA.

Ser realizado profissionalmente não tem preço.

Trabalhar com pessoas que querem aprender também não.

Como disse Platão: "Aprender é mudar posturas".

Eu mudei as minhas.

E aprendi.